terça-feira, 2 de junho de 2009

CRIANÇA


Olá meus queridos, cá estou eu novamente!
Como podem imaginar as minhas artes têm estado paradas em cima da minha mesa de trabalho, pois o meu tempo não tem sido nenhum. Porém não queria deixar passar muito tempo para dedicar uma homenagem, embora simbólica, a todas as crianças que são tão importantes e que ontem foram lembradas mundialmente. Pessoalmente, acho que deviam sê-lo diáriamente por todos, mas tenho plena consciência que não é assim.
Há uns meses li um texto que me marcou bastante, como pessoa, como mãe e como Professora. Vou tentar partilhar convosco. A maior parte do texto que vou escrever são extratos de um texto de um grande autor brasileiro chamado Rubem Alves e que me tocou profundamente.
"Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O Educador diz: - Veja! e, ao falar, aponta. O aluno olha na direcção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir-se mais alegre e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos. A primeira tarefa da educação é ensinar a ver."
Sim, - digo eu - ver para além dos olhos. Tentarmos ensinar às crianças a beleza e o fascínio do mundo. Mundo esse que elas podem melhorar substancialmente, se forem orientadas para tal.
Para Rubem "A educação divide-se em 2 partes: a educação das habilidades e a educação das sensibilidades. Sem esta todas as habilidades são tolas e sem sentido. O conhecimento nos dá meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver."
É isso que quero ensinar também aos meus alunos. Pois as crianças têm olhos encantados. Encontram beleza nas coisas mais simples e também nos ensinam a ver o que elas vêm. Para as crianças tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha, o voo dos pássaros, os pulos dos gafanhotos, uma núvem no céu. Coisas simples, mas se pensarmos nelas, são encantadoras e as crianças conseguem ver isso. Eu quero ensinar às minhas crianças, nem que seja somente à minha razão de viver, ou seja, a minha filha, a beleza de uma árvore ou a simetria das folhas. Não quero somente que ela ou os meus alunos decorem palavras. Quero que também estejam atentos para as maravilhas do mundo, não fugindo da realidade.
"As palavras só têm sentido se nos ajudarem a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veêm... Quando abrimos os olhos, abrem-se as janelas do corpo e o mundo aparece refletido em nós. São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões de viver pois elas sabem o essencial da vida."
"Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna uma criança, jamais será sábio. As crianças não têm ideias religiosas, mas têm experiências místicas. Experiência mística não é ver seres de outro mundo. É ver este mundo iluminado pela beleza."
Como Professora sinto que este é um ideal muito bonito, porém difícil de concretizar, por tudo, mas... porque não?! Às vezes, os meus pares olham para mim, quando estou com as minhas brincadeiras, de uma forma que eu consigo traduzir assim: "Bem!!! Uma Professora a falar e a agir como uma criança!", mas eu não me importo. O feedback que tenho dos meus alunos é que me adoram e eu sei que consigo chegar até eles e lhes transmitir o amor pelo que faço e por eles também, sejam eles crianças ou adultos. E assim consigo dar-lhes a materia que sou obrigada a dar, mas falar com eles sobre tudo.
Não vos aborreço mais este meu desabafo alongado, mas dedico-o à minha filha e a todas as crianças, de qualquer idade.
Digam-me o que acham!
Jokas grandes Ana